quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Tarifa Zero: 201 mil passageiros em 28 dias e perspectiva de crescimento e modernização da frota


Foto: Fernando Silva/Prefeitura de Maricá

Até às 22h de 16 de janeiro, quando se completava 28 dias que estavam em operação, os ônibus da Empresa Pública de Transportes de Maricá (EPT) já tinham transportado 201.571 passageiros, em 1.543 viagens. O número foi apresentado durante entrevista coletiva convocada pelo prefeito Washington Quaquá (PT), na terça-feira (20).

Junto a isso, o prefeito destacou os relatos positivos e a repercussão em vários estados como fatores que comprovam o sucesso do sistema gratuito. “Maricá virou um exemplo para o Movimento Passe Livre na Bahia, em Porto Alegre (RS) e no Rio de Janeiro”, afirmou, apontando os grupos que citam a cidade como modelo. Em seu estilo radical -como ele já assumiu em entrevistas anteriores -, reforçou que o transporte público é viável, vai mostrar que é possível em cidades de até 500 mil habitantes e mandou um recado: “Aconselho aos empresários de transportes que mudem de ramo”.

O encontro com os jornalistas aconteceu no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) Marco Antônio Cardoso Siqueira, localizado no bairro Mumbuca e foi seguido de homenagens aos funcionários da empresa de ônibus, que receberam cartas de elogio à qualidade dos trabalhos prestados e compartilharam um imenso bolo em forma de “vermelhinho”, como é chamado o coletivo grátis na cidade.

Compondo a mesa, além de Quaquá, estavam a primeira-dama e deputada estadual Rosângela Zeidan, o Vice-prefeito Marcos Ribeiro, os secretários Executivos Chefe de Gabinete, Carlos Manoel, e de Infraestrutura Fernando Rodovalho, o presidente da EPT, Luiz Carlos dos Santos e o líder do Governo na Câmara, vereador Robson Dutra.

Direito do Cidadão
O prefeito abriu a coletiva lembrando que já houve transporte público grátis no Brasil, mas que, nas últimas décadas, o direito do povo tinha sido sequestrado pelas empresas privadas. E voltou a defender que o transporte, assim como a Educação e a Saúde, devem ser públicos e de qualidade. “Nas últimas décadas as empresas privadas se apropriaram do direito público. Transporte é obrigação do governo. Quando a gente chega na escola pública não pergunta quanto custa, quando chega no posto de saúde pública não pergunta quanto custa. É um direito do cidadão e não uma mercadoria”, destacou.

O sistema em Maricá entrou em circulação no dia 18 de dezembro, com 10 coletivos que percorrem do Recanto, em Itaipuaçu, até Ponta Negra, passando em diversos bairros. As viagens acontecem dia e noite. É a primeira cidade com mais de 100 mil habitantes a oferecer transporte público gratuito.

Baseado no que ouve dos moradores, desde populares até empresários, Quaquá afirmou que a EPT trouxe economia para os trabalhadores, para as empresas que estão gastando menos com vales-transportes, e se tornou um incentivo para as famílias visitarem os parentes. Aumentou a mobilidade. “Não mensuramos ainda a redução de gastos em Vale-Transporte para os nossos servidores. Mas houve um ganho geral”. Em seguida, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura divulgou que a economia gira em torno de R$ 400 mil. Esse valor que deixa de ser pago pela Prefeitura às empresas de ônibus equivale a cerca de 50% do custo total do sistema gratuito.

Ônibus elétricos
O prefeito garante que a queda dos royalties, provocada pelo preço do barril do petróleo que vem despencando, não vai atrapalhar os planos de crescimento do sistema, que dispõe de recursos para operar durante todo o ano de 2015. Anunciou que já adquiriu mais três ônibus e que tem meta de dotar Maricá de 20 micro-ônibus elétricos que vão funcionar nas linhas alimentadoras dos eixos Espraiado/Manoel Ribeiro/Bambuí/Rua 90; Serra do Lagarto/Ubatiba/Silvado; Jaconé/Ponta Negra; Caxito/Pindobas/Retiro; e Santa Paula/Inoã/Cajueiro/Rua 129. Junto com o eixo central, que é o que está em funcionamento, o prefeito acredita que dará 100% de cobertura ao município, da zona urbana à rural.

“Suportamos a queda do preço do barril do petróleo. Se estivesse em 90 dólares a gente estaria colocando helicóptero para o povo”, brincou, mas admitiu que teve como decorrência uma mudança de planos em relação às obras públicas que pretendia triplicar.

O presidente da Empresa Pública de Transportes, Luiz Carlos, que desde setembro foi engajado ao projeto, elogiou Quaquá, que “está transformando Maricá”, afirmou acrescentando que o sistema gratuito teve duas conquistas, a material, com a economia que acarreta e a imaterial com a quebra de paradigma. “Políticos iguais a ele faz-nos acreditar que podemos ter uma sociedade mais justa”, declarou.

O vice-prefeito Marcos Ribeiro considerou que “já que o meio de transporte é inevitável, agora é gratuito em Maricá”.

Discussão na Alerj
“Quaquá tem transformado a vida do maricaense e proporcionado a discussão em um nível maior, junto com o Movimento Passe Livre. Integrou o povo tanto no aspecto social como cultural”, destacou a deputada Rosângela Zeidan. A população passou a frequentar mais os eventos na cidade e aumentou a frequência nas praias e pontos turísticos e culturais. O ônibus grátis permite que os moradores tenham mais lazer e vida social e religiosa mais intensa.

Entre os relatos que o prefeito mencionou está o de uma moradora da cidade que declarou ter passado a frequentar mais os cultos de sua igreja porque agora não precisa pagar transporte. Sem contar com os empresários que também observaram um aumento na clientela em seus estabelecimentos. Outras pessoas revelaram que agora vão com mais frequência à casa de amigos e parentes.

“Vou usar muito esse exemplo”, disse ainda Zeidan, antecipando uma das bandeiras de luta de sua gestão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, inclusive com a intenção de que o sistema seja implantado nos municípios da Baixada Fluminense.

Lembrou ainda que a Prefeitura pretende implantar um bondinho e ônibus anfíbio (que circula na água e na terra). “É característica de nosso prefeito pensar grande”.

Concordando com Zeidan, o vereador Robson acrescentou que Washington Quaquá está sempre pensando 10 anos à frente.

Campanha Educativa
Sobre as medidas para evitar a depredação, o prefeito respondeu que haverá campanha educativa, mas até agora apenas um fato foi registrado, que foi uma pedrada na janela de um dos carros, em Bananal. Os ônibus têm câmaras para flagrar atos dessa natureza, segundo ele. “O usuário não respeita o que não lhe respeita”, justificou.

Em relação a qualquer impasse com os transportes alternativos, ele adiantou que vem fazendo reuniões com o pessoal das vans e prometeu fazer licitações para incorpora-las ao sistema gratuito.

Quando informado de que o sistema estava servindo também a pessoas de fora da cidade e que as praias de Maricá estavam mais lotadas em função disso, Quaquá considerou o fato mais um ponto positivo. “Quero mais que venham, tragam ou não recursos. Deus criou a cidade mais linda do mundo para ser vista”, convidou. “Não queremos uma cidade elitista. Ela deve ser para todas as classes sociais”, reforçou e voltou a citar o transporte grátis como uma conquista que vai ficar. “Nenhum outro governo vai tirar isso do povo. Se tirar, vai cair”.

Também avisou que as escolas vão poder fazer uso dos ônibus para passeios culturais com estudantes à cidade do Rio de Janeiro.

Homenagem
Quaquá ressaltou que são comuns os elogios aos motoristas da EPT. Dois casos para ele já justificariam as homenagens que prestou a equipe. Um deles levou uma garota que passava mal no ônibus até a porta da UPA para receber atendimento. Outro, não só ajudou pessoalmente um passageiro portador de necessidade especial a embarcar e desembarcar como até atravessou a rua com esse passageiro.

Todos receberam cartas de reconhecimento e compartilharam do bolo em forma de um ônibus nas comemorações do primeiro mês de transporte gratuito.

Puxão de orelha
No meio do encontro, o prefeito revelou que um garoto que vende cachorro-quente está impedido de fazer isso na praça. “Acabei de chegar da Itália e ouvi a queixa”, repudiou, acrescentando que no seu governo pobre e trabalhador não devem ser perseguidos e chamou a atenção para a Guarda Municipal e Secretaria de Urbanização resolverem.

Mumbuca Verde
Entre os projetos futuros, Quaquá anunciou o Mumbuca Verde. Trata-se de um programa de incentivo à recuperação ambiental. Para isso, serão destinados R$ 3 milhões de reais. Quem arborizar, recuperar rios e mananciais vai receber mumbucas conforme o benefício que prestou ao meio ambiente.

Lixo
Nos primeiros dias do ano se multiplicaram as queixas sobre a falta de coleta em vários pontos da cidade. O secretário de Infraestrutura explicou que, além do lixo que sempre aumenta no período por causa das festas de Natal e Réveillon, cerca de 60% dos trabalhadores de limpeza faltaram ao trabalho, agravando a situação. 

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