Por: Paulo Celestino/Fernando Uchôa – Maricá/RJ
Embora a portuguesa Rosalina da Silva Cardoso Ribeiro, 74 anos, fosse uma pessoa reservada, resguardando-se muitas vezes de abrir-se até com amigos mais próximos, e evitasse sair sozinha à noite, o telefonema que recebeu por volta das 19h45 de 07 de dezembrode 2009, confirmando a chegada do seu advogado e ex-deputado Domingos Duarte Lima, fez a idosa apressar-se. Ao sair, deixou três malas arrumadas em cima da cama, pois viajaria para Portugal dentro de cinco dias.
Duarte Lima, que havia chegado ao Brasil dois dias antes, aterrissou em Minas Gerais e veio para o Rio de Janeiro de carro, viajando mais de 500 quilômetros. Segundo informações dadas à polícia por ele, havia recebido um telefonema de Rosalina, pedindo que encontrasse com ela por volta das 20h., do dia 07 de dezembro. Precisava conversar com ele sobre um assunto importante. O advogado chegou na hora marcada, e apanhou Rosalina próximo ao prédio onde morava, no bairro do Flamengo. Horas antes, fugindo ao habitual, Rosalina havia confessado à amiga de muitos anos, a fadista Maria Alcinda, que iria à Maricá, para um encontro importante.
A amiga recomendou cuidado e pediu que ela telefonasse, tão logo pudesse.
Às 19h59min., Rosalina saiu do prédio em que morava.
Encontrou-se com Duarte Lima, e, depois de meia hora de conversa, disse que pegaria um táxi, pois estava indo para Maricá. Duarte Lima ofereceu carona, no que ela aceitou. Ao chegar em Maricá, por volta das 21h20min., um carro Honda de cor cinza, já aguardava a portuguesa, no local combinado. Segundo o causídico, Rosalina encontrou uma mulher loura, de nome Gisele, de altura mediana, idade entre 45 e 50 anos, e usando óculos de armação escura. Um carro da marca Honda, de cor cinza, já aguardava nas imediações do Hotel Jangada, na Lagoa de Araçatiba, em Maricá, o local combinado para o encontro. As duas trataram-se cordialmente, como já se conhecessem há algum tempo.
Uma hora depois, Rosalina estaria morta.
Versão contradiz advogado
O proprietário do Hotel Jangada, de nome Eduardo, informou que foi procurado mais de uma vez pela polícia, logo à época em que encontraram o corpo de Rosalina, porém os investigadores, depois de terem inspecionado o livro de hóspedes e analisado a fita de gravação da câmera que ficava à entrada, não encontraram indícios da passagem da portuguesa ali. “É possível que ela tenha se encontrado nos quiosques ou no passeio (calçada) da lagoa. No verão, o movimento de turismo aumenta bastante. Fechamos mais tarde nessa época, porém não temos tempo de ver quem chega ou quem sai. Pelo hotel não passou, com certeza, conforme já foi provado. Por medida de segurança, mandei instalar mais câmeras em frente ao nosso estabelecimento”, comentou.
Segundo a polícia, deve ser requisitado à locadora em Minas Gerais, qual o veículo usado por Duarte Lima, e se o mesmo carro, veio para Maricá. Os investigadores afirmam que, mesmo depois de passado todo esse tempo, se houver vestígios de sangue no automóvel, poderão ser localizados com o reativo Luminol e identificado o DNA, em laboratório. As ligações telefônicas de Rosalina, Duarte Lima e da possível presença de Gisele, também estão sendo investigados. O fato é que, três meses antes de tornar-se oficialmente herdeira de parte do império de Lúcio Tomé Feteira, Rosalina foi assassinada com dois tiros, que calaram sua voz para sempre. A filha do milionário, a engenheira Olímpia Tomé Feteira e o advogado Normando Marques, reivindicam os bens de Rosalina, tanto no Rio como em Portugal.
Arthur lamenta a morte de Rosalina
O corretor de imóveis Artur Marques Ribeiro, 79 anos, é natural do Porto.
Casou no Brasil, com Dª Francisca, com a qual teve Arthur, Dayse e Andréa.
‘Seu Arthur’, mais conhecido como Pedro Azulão, conheceu Rosalina Ribeiro, à época em que trabalhou para o milionário Lúcio Tomé Feteira. “Era uma mulher baixota e um pouco gorducha, embora ágil. Muito trabalhadeira e dinâmica, mulher de negócios. O senhor Feteira confiava nela e no senhor Victor, gerente da empresa no Rio de Janeiro. Tratava as pessoas bem. Quando eu ia à administração, ela lá sempre estava. Mostrava-me plantas do jardim, sempre bem cuidadas por ela. Sua morte foi lamentável, assim como a do senhor Feteira, que conheci há 40 anos atrás. Cheguei ao Rio, no ano em que mataram Getúlio Vargas, em 1954. Trabalhei para o senhor Feteira, vendendo imóveis para ele. Cuidei de suas terras na Barra de Maricá, pois roubavam palmito e madeira por lá. À época, era um dos homens mais ricos do município, porém fazia muitas caridades. Muitas das casas de pescadores do bairro Zacarias, foi ele quem deu ou mandou construir. O terreno do ginásio do Esporte Clube Maricá, foi dado e mandado construir por ele. Trabalhei com ele e o corretor Istinho, pois eu não tinha o registro profissional à época (Creci). Feteira queria Maricá grande e não se prendia a dinheiro. Conheci uma de suas fábricas no Porto, em Portugal, a Fábrica de Limas Feteira. Era dono de parte de Cordeirinho, da Barra, de São Bento da Lagoa e de Inoã, onde criava gado e plantava eucalipto. Era o Barão de Maricá, à sua época”, completou.
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