Ministros da Saúde de 11 países do Oeste da África concordaram em adotar
uma estratégia comum para conter o pior surto de ebola da história, que já
matou 467 pessoas desde fevereiro. Na reunião de emergência realizada em Acra, Gana, autoridades decidiram
ampliar a supervisão de casos de ebola nas suas regiões fronteiriças e
mobilizar líderes comunitários, religiosos e políticos para ampliar o
conhecimento sobre a doença. O vírus já infectou 759 pessoas na Libéria, Guiné e Serra Leoa.
Sob a nova estratégia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) abrirá um
centro sub-regional de controle em Guiné para coordenar o apoio técnico. Mais de 150 especialistas já foram enviados ao Oeste da África nos
últimos meses para tentar conter o surto.
A OMS, órgão da ONU, disse que a epidemia de ebola não será controlada
em breve.
"Acredito que vamos ter de continuar lidando com esse surto pelos
próximos meses ou por ainda muitos meses", disse o Keiji Fukuda,
diretor-geral assistente de segurança sanitária da agência, à agência AFP.
Questionado sobre como a epidemia poderia se espalhar, ele disse que
"é impossível ter uma resposta clara".
Vírus mortal
Segundo o correspondente da BBC no Oeste da África, Thomas Fessy, educar
as pessoas é visto como a melhor maneira de conter o surto, ao invés de fechar
as fronteiras.
Práticas culturais e crenças tradicionais em algumas áreas têm
dificultado medidas de saúde, contribuindo para o contágio da doença, disse
ele.
Em alguns casos, grupos de pessoas atacaram funcionários de saúde,
forçando o fechamento de centros de emergência. Autoridades de saúde dizem que as fronteiras frágeis da região
permitiram pessoas infectadas a levar a doença para outros países.
A maioria das mortes foi registrada na região de Guekedou, no sul da
Guiné, onde o surto foi relatado pela primeira vez em fevereiro. A maioria das
mortes ocorreu justamente na Guiné, mas há um número crescente de casos na
Libéria e em Serra Leoa.
O ebola é um dos vírus mais mortais do planeta porque mata até 90% das
pessoas infectadas. Não há vacina ou cura. Ele se espalha pelo contato direto com fluidos
corporais de uma pessoa infectada, tais como sangue e secreções.
Risco baixo no Brasil
O Ministério da Saúde brasileiro disse estar acompanhando os
desdobramentos da epidemia e que segue a orientação atual da OMS de não adotar
estratégias específicas em relação à doença.
"Segundo avaliação da OMS, o risco de disseminação da doença é
considerado alto nos países fronteiriços, moderado no restante do continente
africano e baixo no restante do mundo", diz a nota do ministério enviada à
BBC Brasil.
"O ebola é transmitido pelo contato direto com sangue, secreções,
órgãos e outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, por isso, a
transmissão para outros continentes não é provável e a OMS não recomenda
quaisquer medidas que restrinjam o comércio ou o fluxo de pessoas com os países
afetados."
O Ministério da Saúde informou ainda que, caso a OMS mude sua
recomendação, já existe um plano de contingência que pode ser colocado em
prática.
A OMS confirmou à BBC Brasil que, relativo à epidemia de ebola, não
recomenda nenhuma restrição a viagens. Segundo o órgão, o risco para turistas
visitando regiões infectadas é baixo.
"Há uma possibilidade de que uma pessoa com ebola embarque em um
avião ou outro meio de transporte sem informar a companhia de sua situação.
Apesar de o risco para os que viajam ao seu lado ser muito baixo, é
recomendável que se faça a identificação e uma análise dessas pessoas".
Os sintomas iniciais incluem fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e de
garganta, vermelhidão nos olhos - e são seguidos por vômitos, diarreia,
coceiras e, em alguns casos, sangramentos.
O período de incubação do vírus do ebola varia entre dois e 21 dias, segundo
a OMS. No entanto, a organização esclarece que não há risco de transmissão
durante a incubação e há apenas um risco baixo durante a fase inicial da
doença.
"Durante o surto atual, viajantes infectados com ebola atravessaram
as fronteiras com países vizinhos e há a possibilidade de que outros casos
surjam nesses países vizinhos", afirma a agência de saúde da ONU.
Segundo a OMS, o número de casos do surto atual subiu de 635 em 23 de
junho para 759, um aumento de 20%.
Fonte: BBC
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