sexta-feira, 4 de julho de 2014

Países africanos definem plano para conter pior surto de ebola

Ministros da Saúde de 11 países do Oeste da África concordaram em adotar uma estratégia comum para conter o pior surto de ebola da história, que já matou 467 pessoas desde fevereiro. Na reunião de emergência realizada em Acra, Gana, autoridades decidiram ampliar a supervisão de casos de ebola nas suas regiões fronteiriças e mobilizar líderes comunitários, religiosos e políticos para ampliar o conhecimento sobre a doença. O vírus já infectou 759 pessoas na Libéria, Guiné e Serra Leoa.

Sob a nova estratégia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) abrirá um centro sub-regional de controle em Guiné para coordenar o apoio técnico. Mais de 150 especialistas já foram enviados ao Oeste da África nos últimos meses para tentar conter o surto.

A OMS, órgão da ONU, disse que a epidemia de ebola não será controlada em breve.
"Acredito que vamos ter de continuar lidando com esse surto pelos próximos meses ou por ainda muitos meses", disse o Keiji Fukuda, diretor-geral assistente de segurança sanitária da agência, à agência AFP.

Questionado sobre como a epidemia poderia se espalhar, ele disse que "é impossível ter uma resposta clara".

Vírus mortal
Segundo o correspondente da BBC no Oeste da África, Thomas Fessy, educar as pessoas é visto como a melhor maneira de conter o surto, ao invés de fechar as fronteiras.
Práticas culturais e crenças tradicionais em algumas áreas têm dificultado medidas de saúde, contribuindo para o contágio da doença, disse ele.

Em alguns casos, grupos de pessoas atacaram funcionários de saúde, forçando o fechamento de centros de emergência. Autoridades de saúde dizem que as fronteiras frágeis da região permitiram pessoas infectadas a levar a doença para outros países.

A maioria das mortes foi registrada na região de Guekedou, no sul da Guiné, onde o surto foi relatado pela primeira vez em fevereiro. A maioria das mortes ocorreu justamente na Guiné, mas há um número crescente de casos na Libéria e em Serra Leoa.

O ebola é um dos vírus mais mortais do planeta porque mata até 90% das pessoas infectadas. Não há vacina ou cura. Ele se espalha pelo contato direto com fluidos corporais de uma pessoa infectada, tais como sangue e secreções.

Risco baixo no Brasil
O Ministério da Saúde brasileiro disse estar acompanhando os desdobramentos da epidemia e que segue a orientação atual da OMS de não adotar estratégias específicas em relação à doença.
"Segundo avaliação da OMS, o risco de disseminação da doença é considerado alto nos países fronteiriços, moderado no restante do continente africano e baixo no restante do mundo", diz a nota do ministério enviada à BBC Brasil.

"O ebola é transmitido pelo contato direto com sangue, secreções, órgãos e outros fluidos corporais de pessoas ou animais infectados, por isso, a transmissão para outros continentes não é provável e a OMS não recomenda quaisquer medidas que restrinjam o comércio ou o fluxo de pessoas com os países afetados."

O Ministério da Saúde informou ainda que, caso a OMS mude sua recomendação, já existe um plano de contingência que pode ser colocado em prática.
A OMS confirmou à BBC Brasil que, relativo à epidemia de ebola, não recomenda nenhuma restrição a viagens. Segundo o órgão, o risco para turistas visitando regiões infectadas é baixo.

"Há uma possibilidade de que uma pessoa com ebola embarque em um avião ou outro meio de transporte sem informar a companhia de sua situação. Apesar de o risco para os que viajam ao seu lado ser muito baixo, é recomendável que se faça a identificação e uma análise dessas pessoas".

Os sintomas iniciais incluem fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e de garganta, vermelhidão nos olhos - e são seguidos por vômitos, diarreia, coceiras e, em alguns casos, sangramentos.

O período de incubação do vírus do ebola varia entre dois e 21 dias, segundo a OMS. No entanto, a organização esclarece que não há risco de transmissão durante a incubação e há apenas um risco baixo durante a fase inicial da doença.
"Durante o surto atual, viajantes infectados com ebola atravessaram as fronteiras com países vizinhos e há a possibilidade de que outros casos surjam nesses países vizinhos", afirma a agência de saúde da ONU.

Segundo a OMS, o número de casos do surto atual subiu de 635 em 23 de junho para 759, um aumento de 20%.
Fonte: BBC


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