Presidente argentina criticou decisão judicial que obriga país a quitar dívida. A chefe de Estado veio a Brasília para participar da VI Cúpula do Brics.
Filipe Matoso e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasíli
A presidente da Argentina Cristina Kirchner afirmou nesta quarta-feira (16), em Brasília, que o país vizinho é alvo de “pilhagem internacional financeira” em relação ao pagamento de sua dívida pública. O governo argentino tem até o dia 30 de julho para fechar um acordo com os chamados holdouts – credores que não aceitaram os termos das negociações da dívida argentina –, em uma disputa que deixou a terceira maior economia da América Latina à beira do segundo calote em 12 anos.
“Acreditamos que se deve terminar com este tipo de pilhagem internacional em matéria financeira como hoje pretendem fazer contra aArgentina e como vão pretender fazer, seguramente, contra outros países do planeta”, disse a presidente a jovens que a aguardavam na porta de um hotel da capital federal.
Cristina está em Brasília para participar da VI Cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Para a sessão desta quarta, foram convidados 11 presidentes de países sul-americanos.
Durante a declaração a jornalistas, a chefe de Estado argentina afirmou que é preciso evitar que “esperanças” sejam “hipotecadas”.
“Por isso é muito importante, sobretudo a vocês que são jovens e que são o presente e futuro, que não se permita que se hipotequem as esperanças, e os sonhos de um Brasil melhor, de uma América do Sul melhor e de um mundo melhor.”
A presidente do vizinho sul-americano também aproveitou a presença de militantes da ala jovem do PC do B para criticar o espaço de participação restrita dos países em desenvolvimento nos organismos internacionais. Os países latino-americanos e os integrantes do Brics criticam a ausência de nações emergentes nas esferas de decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Hoje, vamos dar um passo muito importante. Ontem, demos um passo importante aqui no Brasil. Os países da Unasur também deram um passo importante quando constituímos o Banco do Sul e vão surgindo cada vez mais instituições que questionam precisamente o funcionamento de organismos multilaterais que, no lugar de dar soluções, não fazem mais do que complicar a vida dos povos”, disse.
Dívida argentina
A Argentina foi empurrada para a beira de um novo calote por uma série de decisões de tribunais dos Estados Unidos. As decisões forçaram o país a negociar com investidores que não aceitaram participar da reestruturação da dívida após a crise de 2002.
A Argentina foi empurrada para a beira de um novo calote por uma série de decisões de tribunais dos Estados Unidos. As decisões forçaram o país a negociar com investidores que não aceitaram participar da reestruturação da dívida após a crise de 2002.
Mais de 92% dos credores do país aceitaram receber menos de 30 centavos para cada dólar nas negociações realizadas em 2005 e 2010. Os demais credores, recusaram os termos da renegociação e reivindicam o recebimento de 100% do principal da dívida.
Após se recusar a saldar a dívida pública de US$ 100 bilhões, em 2001, o governo argentino negociou o pagamento com desconto e dividido em parcelas. Uma parte dos credores concordou, mas um grupo de fundos, a maioria nos EUA, exige receber de forma integral.
Enquanto briga na Justiça americana contra esses fundos, a Argentina tem pagado as parcelas aos credores que aceitaram a renegociação.
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