Elisa de Quadros (Sininho) e Fábio Raposo (Fotos de José Pedro Monteiro e Daniel Castelo Branco - O Dia) |
Rio - A denúncia do Ministério Público contra 23
ativistas acusados de promover violentas manifestações nas ruas do Rio atribui
a eles a confecção de explosivos usados nos protestos. De acordo com o promotor
Luís Otávio Figueira Lopes, que assina o documento, o objetivo do grupo era
disparar os artefatos em direção a agentes de segurança.
“As atribuições de tal grupo incluem o planejamento
dos atos violentos, bem como a preparação de coquetéis molotov, artefatos
explosivos, além de fogos de artifício alterados para adquirirem potencial
lesivo, como, por exemplo, com a colocação de pregos em morteiros,
posteriormente disparados em direção aos agentes de segurança pública”, diz o
texto.
O documento aponta ainda a existência de sete
grupos de ativistas, todos comandados pela Frente Independente Popular (FIP),
liderada por Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, que permanece presa.
De acordo com a denúncia, Sininho teria ainda
cogitado o nome de Fábio Raposo Barbosa para assumir cargo de liderança no
grupo. Denunciado pelo MP, Fábio está preso como coautor da morte do
cinegrafista Santiago Ilídio de Andrade, da Band, atingido por um explosivo
durante manifestação em fevereiro no Centro.
Consta ainda nos autos que um adolescente teria
confirmado a intenção de matar um policial durante atos contra a Copa do Mundo.
Uma testemunha ouvida no inquérito também teria visto Sininho incentivando
manifestantes a levarem gasolina para atear fogo na Câmara de Vereadores, o que
não chegou a acontecer.
O MP concluiu que o objetivo de um único comando seria a definição de uma linha de atuação para os diversos grupos e indivíduos envolvidos nos protestos.
O MP concluiu que o objetivo de um único comando seria a definição de uma linha de atuação para os diversos grupos e indivíduos envolvidos nos protestos.
“A existência de um comando centralizado e a
convergência de desígnios existentes entre os integrantes das diversas
estruturas orgânicas permitem o reconhecimento da associação entre todos, ainda
que de forma compartimentalizada”, diz o texto.
Segundo o MP, a FIP tinha estrutura de organização
e se reunia de duas maneiras: em reuniões públicas e encontros fechados dos
quais participavam apenas as lideranças. Numa dessas reuniões foi definido que
deveria ser incentivada a prática de ações violentas nas manifestações.
Os 23 ativistas foram denunciados por associação
criminosa, dano qualificado, resistência, lesões corporais, posse de artefato
explosivo e corrupção de menores, e tiveram a prisão preventiva decretada
sexta-feira. Até ontem, 18 permaneciam foragidos.
Procurado pelo DIA , neste
domingo, o advogado de Sininho, Marino D'Icarahy, estava com o celular
desligado.
Promotor detalha ação de lideranças
Segundo o promotor Luís Otávio, escutas telefônicas
autorizadas pela Justiça flagraram Camila Jourdan no trabalho de elaboração dos
artefatos dados a black blocs. Bombas caseiras foram apreendidas na casa dela.
Apontada como uma das lideranças dos ativistas, Camila está presa.
De acordo com o MP, os outros manifestantes eram
responsáveis por distribuir os explosivos e jogá-los contra policiais, muitas
vezes disparando-os de dentro de veículos e fugindo. Um dos carros usados era
de Rebeca Martins de Souza, que está presa. A prática de atos de depredação do
patrimônio público e privado também seria atribuição deles.
Entre as presas, está ainda a advogada Eloísa Samy
Santiago. Segundo o MP, ela incitava a violência nos atos, além de ceder a casa
para as reuniões dos grupos. O adolescente que teria revelado a vontade de
matar um policial faria parte do Movimento Estudantil Popular Revolucionário, o
grupo mais violento identificado nas investigações.
Fonte: O Dia
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