Ao
falarmos em Amor fraterno e universal, absolutamente não nos queremos situar no
reino das nuvens. Temos, contudo, certeza de que o sentimento bom, de
generosidade, é fator primordial para uma civilização em que o Espírito eterno
do ser humano seja o fulcro. Sobre este firma-se a revolução que ainda urge ser
concluída, aquela que se realiza na Alma das criaturas e por intermédio delas
se perpetua. E aí entra a educação eficiente.
Lição
do saudoso sociólogo Herbert de Souza (1935-1997), o Betinho, que devemos
recordar: “A partir da ética é possível formular os cinco princípios concretos
da democracia: igualdade, liberdade, diversidade, participação e solidariedade —
existindo simultaneamente”.
Bem
merecido e exato foi o prêmio cultural que recebeu no fim de 1996, do
ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF: a “Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica”,
na categoria “Solidariedade”. Como escrevi no artigo “Um cidadão chamado Solidariedade”:
A luta contra a fome, da qual Betinho se tornou poderoso aríete, naturalmente
reclama constantes investidas. (...)
De meu ensaio literário “Sociologia do Universo”, consoante nossa crença no valor do altruísmo, ressalto que
não é por acreditarmos nele, até na área dos negócios, que devamos ser
considerados tolos. Temos consciência plena dos estorvos, até mesmo nos campos
econômico e social, a exemplo da tragédia da corrupção, que qualquer comunidade
ou país precisa corajosamente enfrentar e ultrapassar. Ao propor, há décadas, a
Economia da Solidariedade Espiritual e Humana, como Estratégia de
Sobrevivência, tomamos parte na rigorosa torcida que deseja ver os muitos
senões que prejudicam trabalhadores, empresas, sociedade e crenças em
definitivo corrigidos por aqueles capazes de fazê-lo.
Quando
mais o ameaça a violência, o desenvolvimento de um povo não pode prescindir do
espírito humanitário, aliado ao de íntegra justiça. Os persas, que seguiam a
doutrina de Zaratustra (628-551 a.C.), ensinavam: “— Aquele que é indiferente ao bem-estar dos outros não merece ser chamado
homem”.
Um dos
mais expressivos filósofos espanhóis, José Ortega y Gasset (1883-1955), vem ao
encontro desse antigo preceito, ao afirmar: “— Estado e projeto de vida, programa de
ação ou conduta humanos são termos inseparáveis. As diferentes classes de
Estado nascem das maneiras segundo as quais o grupo empreendedor estabeleça a
colaboração com os outros”.
Deng Xiaoping (1904-1997), que iniciou no século 20 uma série de profundas
reformas na China, destacou uma lição do que não se deve fazer para
alcançar a concórdia: “— Há pessoas que criticam os outros para ganhar fama, pisando os
ombros alheios para ascender a posições-chave”.
Por tudo
isso, o que sugerimos, alicerçados em Jesus, vai além do que inspirou a
economia solidária estudada pelo ilustre sociólogo Émile Durkheim (1858-1917). A Economia da Solidariedade Espiritual e Humana, que
preconizamos, é holística, porquanto nos convida a vislumbrar a nossa verdadeira
origem, a espiritual. Somente assim haverá a humanização e a espiritualização
do Estado e da própria criatura, ou seja, sob o banho lustral da Caridade
Ecumênica, que não faz distinção de pessoas, pois considera que — acima de cor,
crença, descrença, visão política, orientação sexual, idade — estamos diante de
seres terrenos, que suplicam por socorro e compreensão (...).
Bem a
propósito, declarou o heroico Nelson Mandela (1918-2013): “— A bondade humana é uma chama que pode ser
oculta, jamais extinta”.
Portanto,
coloquemos sempre um pouco de misericórdia, somada ao justo bom senso, no nosso
olhar, nas atitudes para com o próximo, conhecido ou não; na interação com o
vizinho, seja ele indivíduo ou país. A verdadeira Paz pode vir também desse
entendimento.
E, para encerrar, esta eloquente reflexão de
Confúcio (551-479 a.C.): “— Paga-se
a bondade com a bondade, e o mal com a justiça”.
José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
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