Associação de Imprensa de Maricá |
TEXTO DE REPÚDIO DA ASSOCIAÇÃO DE IMPRENSA DE
MARICÁ (AIM) À VIOLÊNCIA DE TODAS AS FORMAS E EM QUALQUER PARTE DO MUNDO
JE SUIS L’UMANITÉ
A intolerância é o ponto comum entre os casos
Charlie Hedbo e Mauro Luis, ambos igualmente inadmissíveis
Se a covarde e
gratuita agressão sofrida na madrugada do último dia 9 pelo jornalista Mauro
Luis, repórter do site Maricá Info, não tivesse ocorrido com um representante
da nossa imprensa, seria de qualquer maneira tão absurda, reprovável e
criminosa como já o é. Por uma infeliz coincidência, o caso se deu na mesma
semana em que o mundo se chocou com os terríveis eventos ocorridos na França,
iniciados pelo ataque à redação do jornal de humor Charlie Hebdo, constante
alvo de polêmicas naquele país. E o que mais une os dois casos para além do
fato de ter atingido jornalistas? A resposta tem uma única palavra:
INTOLERÂNCIA.
Com os colegas
franceses, nós já sabemos que a intolerância é a mesma que já causou outras
condenações à morte pelo mundo, como a do escritor Salman Rushdie (autor do
livro ‘Os Versos Satânicos’) no fim dos anos 1980. Aquela em que grupos
extremistas não permitem qualquer visão diferenciada da que é considerada ‘a
certa’ por eles – basta lembrar as consecutivas atrocidades cometidas pelo
grupo radical Boko Haran em países da África e quem nem sempre o mundo toma
conhecimento. Ou seja, não é novidade – e é isso o que mais assusta no caso de
Mauro Luís. Por quê ele apanhou daquela maneira no meio da rua? O que motivou a
covardia de chutes na cabeça de um homem deitado e o sadismo de seus cúmplices
filmando tudo?
Na verdade, o que
assusta mesmo são duas constatações: a primeira é a de que NÃO HÁ MOTIVAÇÃO
PLAUSÍVEL! E ainda que houvesse ela não seria justificável. A impressão que dá
é que a sessão de tortura pública foi promovida por aquela quadrilha por um
motivo (?) banal, coisa à toa mesmo. A segunda é o fato de que, aparentemente,
Mauro Luis foi escolhido pelos agressores (um deles já conhecido por passagens
pela Polícia) de maneira aleatória, como poderia ter sido com qualquer outro
cidadão que estivesse no mesmo lugar naquela madrugada. Isso abre outra
perspectiva preocupante, a de que todos sofremos com uma segurança pública
deficiente, que não impede atos criminosos como este nem retira das ruas seus
autores.
Assim como todos os
órgãos de representação da imprensa no Brasil e no mundo (no caso do Charlie
Hebdo), a Associação de Imprensa de Maricá também repudia de maneira veemente
todos esses atos de verdadeira insanidade aos quais não apenas nossos colegas
estão expostos, seja em Maricá ou em Paris. No entanto, o que nos parece é que
não se trata mais de adotar posicionamentos do tipo “Eu sou CH” ou qualquer
outra. Parece que é preciso lembrar que SOMOS TODOS HUMANIDADE, ISSO SIM! Em
breve, defender-se em grupos de classes distintas não será mais suficiente como
forma de repúdio. Melhor será nos defender a todos de maneira coletiva, gente
do bem defendendo gente do bem, sejam muçulmanos xiitas ou sunitas, cristãos,
testemunhas de Jeová, judeus, budistas...enfim, humanos, o que somos acima de
qualquer outra coisa.
*Diretor de
Comunicação da Associação de Imprensa de Maricá
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