Alexandre Shiachticas dando os últimos retoques na obra |
Uma obra de arte vem chamando a atenção de quem passa pela rua do novo canal da cidade agora reformado. Uma mesa com quatro esculturas de bronze sentadas, sendo um mulher e três homens foi colocada bem no inicio da rua 1, que também recebeu pavimentação. Pessoas que passam pela obra, ficam admirando querendo saber quem são. E quem são essas pessoas? Eis a resposta: a cantora Maysa, que teve uma casa no bairro de Cordeirinho, o Antropólogo Darcy Ribeiro que também teve uma casa em Cordeirinho, o jornalista e escritor Antonio Callado e o jornalista e treinado de futebol João Saldanha todos grandes frequentadores da cidade. As obras são dos artistas maricaense Alexandre e Rosaura Shiachticas , mais conhecido como Alexandre da Pousada. É também de autoria dele, a estátua de uma sereia localizada na Lagoa de Araçatiba.Quem quiser pode se juntar ao seleto grupo de intelectuais, pois duas cadeiras foram colocadas propositalmente para quem desejar tirar foto e bater um papo com os artistas.
Quem foi Antônio Callado
Apesar de formado em Direito (1939), nunca exerceu atividade na área jurídica. Militou na imprensa diária no período entre 1937 a 1941, nos jornais cariocas O Globo e Correio da Manhã. Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, transfere-se para Londres onde trabalhou para a BBC até 1947. Depois da libertação de Paris, trabalhou no serviço brasileiro da Radiodiffusion française.
Na Europa descobre "sua tremenda fome de Brasil". Lê incansavelmente literatura brasileira e alimenta o desejo de, ao voltar, conhecer o interior do país. Na volta, satisfaz esse desejo ao fazer grandes reportagens pelo Nordeste, pelo Xingu, sobre Francisco Julião, Miguel Arraes e outras.
Atuou como redator-chefe do Correio da Manhã de 1954 a 1960, quando foi contratado pela Enciclopédia Britânica para chefiar a equipe que elaborou a primeira edição da Enciclopédia Barsa, publicada em 1963. Redator do Jornal do Brasil, cobriu, em 1968, a Guerra do Vietnã. Em 1974, dá aulas nas universidades de Cambridge, na Grã-Bretanha, e Columbia, nos Estados Unidos. Em 1975, quando trabalhava no Jornal do Brasil, deixa a rotina das redações para dedicar-se profissionalmente à literatura.
Callado estreou na literatura em 1951, mas sua produção na década de 1950 consiste basicamente em peças teatrais, todas encenadas com enorme sucesso de crítica e público. Mas a mais bem sucedida foi Pedro Mico, dirigida por Paulo Francis, com o arquiteto Oscar Niemeyer em inusitada incursão pela cenografia, e Milton Moraes criando o papel-título. Foi transformada em filme estrelado por Pelé.
A produção de romances toma impulso nas décadas de 1960 e 1970, período em que surgem seus trabalhos mais importantes. Alinhado entre os intelectuais que se opunham ao regime militar, tendo por isso sido preso duas vezes, Callado revela em seus romances seu compromisso político, principalmente naquele que muitos consideram o romance mais engajado daquelas décadas, Quarup.
Callado escrevia à mão e mantinha uma rotina de trabalho, com horário rígido para todas as atividades, que incluíam duas caminhadas por dia. Mandou fazer uma mesinha portátil que o acompanhava pela casa toda, permitindo-lhe escrever em qualquer lugar. Não discutia, nem comentava seu trabalho com ninguém, até que estivesse finalizado.
Recebeu várias condecorações e prêmios, no Brasil e no exterior. Morreu dois dias depois de completar 80 anos. De seu casamento em 1943 com Jean Maxine Watson, inglesa, funcionária da BBC, teve três filhos, entre eles a atriz Tessy Callado. Em 1976, casou-se com Ana Arruda.
Quem foi Darcy Ribeiro
Nasceu
em Montes Claros (MG) em 1922, onde fez os estudos fundamental e
secundário. Ele se notabilizou fundamentalmente por trabalhos
desenvolvidos nas áreas de educação, sociologia e antropologia tendo
sido, ao lado do amigo Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela criação
da Universidade de Brasília, elaborada no início dos anos sessenta,
ficando também na história desta instituição por ter sido seu primeiro
reitor. Também foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte
Fluminense, em Campos.
Durante
o primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro (1983-1987), no
qual foi vice-governador, Darcy Ribeiro criou, planejou e dirigiu a
implantação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), um projeto
pedagógico visionário e revolucionário no Brasil de assistência em tempo
integral a crianças, incluindo atividades recreativas e culturais para
além do ensino formal - dando concretude aos projetos idealizados
décadas antes por Anísio.
Darcy
Ribeiro também foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente João
Goulart e exerceu o mandato de senador pelo Rio de Janeiro, de 1991 até
sua morte em 1997, causada por um lento processo canceroso, que comoveu
todo o Brasil em torno de sua figura: Darcy, sempre polêmico e ardoroso
defensor de suas ideias, teve em sua longa agonia o reconhecimento e
admiração até dos adversários.
Como
muitos outros intelectuais brasileiros, Darcy Ribeiro foi obrigado a se
exilar durante a Ditadura Militar brasileira. Publicou vários livros,
boa parte deles sobre os povos indígenas. Poucos anos antes de falecer,
ele publica “O Povo Brasileiro”, obra na qual, dentre outras impressões,
relativiza a suposta ineficiência portuguesa
Quem foi Maysa Monjardim
Maysa era neta do barão de Monjardim, que foi
presidente da província do Espírito Santo por cinco vezes. Estudou no
tradicional colégio paulistano Assunção, no Ginásio Ofélia Fonseca e no Sacré-Cœur
de Marie, em São Paulo. Casou-se aos dezessete anos com o empresário André
Matarazzo, dezessete anos mais velho, amigo de seus pais, e membro do ramo
ítalo-brasileiro da família Matarazzo, de cuja união nasceu Jayme Monjardim
Matarazzo, diretor de cinema e telenovelas.Desquitou-se do marido em 1957, pois ele se opôs à carreira musical. Maysa teve vários relacionamentos amorosos, entre eles, com o compositor Ronaldo Bôscoli, o empresário espanhol Miguel Azanza, o ator Carlos Alberto, o maestro Julio Medaglia, entre vários outros. Ao assumir o relacionamento com Miguel Azanza em 1963, Maysa estabeleceu residência na Espanha onde morou durante anos com o marido e o filho. Só retornou definitivamente ao Brasil em 1969. Na década de 70, Maysa se aventuraria pelo mundo das telenovelas e do teatro participando de produções como O Cafona, Bel-Ami e o espetáculo Woyzeck de George Büchner. Em 1977, um trágico acidente automobilístico na Ponte Rio-Niterói encerrava a carreira e o brilho da estrela, que foi um dos maiores nomes da música popular brasileira
Vivendo
isolada na casa de praia em Maricá, desde 1972, para onde ia todo o fim de
semana, Maysa morreu a caminho da mesma casa de praia em Maricá, enquanto
dirigia a “Brasília azul” em alta velocidade, no dia 22 de Janeiro de 1977, por
volta das 5 horas da tarde, na Ponte Rio-Niterói. O efeito de anfetaminas
somado à ingestão excessiva de álcool e ao cansaço físico e psicológico que a
cantora vinha sofrendo teriam provocado o fatídico acidente. Porém, a conclusão
dos laudos periciais mostrou que no momento do acidente ela estava
completamente sóbria, não havia resquícios de álcool em seu organismo.
Quem foi João Saldanha
Foi um jornalista e treinador de futebol brasileiro. Ele levou a seleção
brasileira a classificar-se para a Copa
do Mundo de 1970. Seu apelido era João Sem-Medo. O primeiro grande contato de
João com o futebol aconteceu ali, pois a casa comprada por Gaspar Saldanha, seu
pai, ficava a dois quarteirões do campo do Atlético
Paranaense, onde sempre ia assistir aos treinos das divisões de base,
permitindo a proximidade do garoto com o futebol. Além disso, a casa da família
em Curitiba permitia uma integração com toda a garotada da vizinhança, que
organizava times, campeonatos, jogos, enfim, tudo dentro do estilo de vida da
expansão urbana e das novas modas citadinas. Ali, João completaria o primário
na mesma escola de um garoto que ainda seria importantíssimo personagem na
história nacional como presidente da República: Jânio Quadros. Mais tarde mudou-se
para o Rio de Janeiro, onde seu
pai adquiriria um cartório.
Jogou futebol profissionalmente por uns poucos anos no clube
carioca do Botafogo. Formou-se em Direito pela Faculdade
Nacional de Direito da Universidade
do Brasil, atual UFRJ. Estudou Jornalismo e se tornou um dos mais destacados
escritores de esportes, antes de trabalhar como comentarista no rádio e na televisão.
Como um jornalista esportivo, ele frequentemente criticava jogadores, técnicos
e times de futebol. Foi filiado ao Partido
Comunista Brasileiro. Em 1957, o Botafogo, contratou-o como seu técnico, apesar de sua total falta
de experiência. O clube ganhou o campeonato estadual daquele ano. Em 1969, ele foi convidado a se encarregar da seleção nacional. O
Presidente da CBD -
Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange alegou que o contratou na esperança de que os jornalistas
fizessem menos críticas à seleção nacional, tendo um deles como técnico.
Ele morreu de forma rápida em Roma, em 1990, onde foi cobrir naquele ano a Copa do Mundo para a Rede
Manchete.
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